Por: Anderson Maria
O Filho do Homem enviará seus anjos, que
retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os
lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes (Mt 13,
41-42).
Muitos dizem
não acreditar no inferno, e isso é um erro terrível. Por não acreditar que o
inferno existe ocorre o relaxamento na vida cristã, proporcionando a abertura
para muitos pecados, pois, se não se acredita em punição para os erros, pode-se
cometê-los à vontade.
Em quase todas
as culturas da história humana (egípcia, persa, grega, judaica) se acreditava
num lugar para punir os que viviam mal. Nada mais sensato, pois, se nada
existisse, qual seria a diferença de se viver bem ou não? Que sentido teria ser
humano dotado de razão, mas mergulhado nos instintos de forma mais absurda que
qualquer animal irracional, sem consequência alguma? A vida humana não pode ser
simplesmente um vagar nessa terra fazendo-se o que se quer, sem qualquer
consequência. Isso não seria uma forma racional de viver. Crer num lugar de
penas é algo muito lógico, portanto. Sim, o Inferno existe, e também o Cristianismo o prega. As
primeiras palavras de Jesus no Evangelho de São Marcos consistiram num pedido
para nos arrependermos, já indicando certa punição caso não déssemos ouvidos,
e, se lermos os quatro Evangelhos, contaremos dezoito ocasiões em que Jesus nos
alerta sobre o inferno.
Por que Jesus
faz questão de falar tanto desse lugar de trevas, fogo, choro e ranger de
dentes? É porque nos ama, e não quer o nosso mal. Pregar sobre o inferno é uma
forma eficiente de convencer-nos a desejar não ir para lá. E pra isso só existe
uma forma: a conversão. Os verdadeiros cristãos convertidos tem medo de ir para
o inferno, e vivem buscando sempre o céu. Monsenhor de Ségur, padre católico,
no século XIX dizia: “O maior pregador do céu é o inferno”, isso porque,
acreditando no castigo eterno, fica lógico viver para alcançar as alegrias
eternas do céu. Nisso consiste o Amor de Deus: enviou seu Filho Jesus, para que
todos que creiam nEle não sejam condenados, mas tenham a Vida Eterna.
Porém, crer em
Jesus não é apenas saber que Ele existe, mas aceitá-lo como Senhor e Salvador,
buscar dia-a-dia conhecê-Lo mais e amá-Lo, e por amor a Ele imitar seus gestos
de fé e caridade. Se não por puro amor a Deus, ao menos para não condenar-se ao
fogo eterno. Trata-se de uma conversão imperfeita, mas não deixa de ser
conversão.
Há quem exija
provas para se acreditar em algo, como Tomé. Há quem diga: “Nunca ninguém voltou do outro mundo para termos a certeza de que existe
céu ou inferno”. Para esses faço a pergunta: você realmente deseja que
alguém volte do inferno, com a pele queimada, fedendo a enxofre,
monstruosamente desfigurado pelas dores e tormentos, no meio da madrugada,
sozinho em seu quarto, para só então você acreditar que tal lugar existe? Deus
é todo-poderoso, e pode realizar esse desejo, se você quiser, mas acredito que
não será uma experiência muito boa. Não é mais sensato crer na Palavra de
Jesus, converter-se e eliminar a possibilidade de condenar-se? A escolha é de cada um.
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